A opinião

A minha opinião tem andado bastante “desopinada” nos últimos tempos.
A política nacional está uma seca, desinteressante e enfadonha como nunca, temos um primeiro ministro medíocre, que chefia um governo mau, os partidos estão cada vez mais em cacos, os Mc Cann nunca mais vão presos, o Scolari vai-se aguentando numa selecção fracota, os impostos continuam a crescer e a ASAE domina, formatando Portugal com o seu fundamentalismo económico.
Já nem sequer há causas de jeito, que interessem verdadeiramente as pessoas e as entusiasmem (a última foi a do aborto, mas depois disso, mais nada …).
A esquerda e a direita comem do mesmo caviar, no cocktail dos iluminados e eleitos e as suas diferenças são cada vez mais indistinguíveis e ténues.
Vamos todos sobrevivendo na medida do possível, uns melhor e outros pior, cumprindo piedosamente as intermináveis semanas de trabalho, á espreita do fim de semana de descanso, que uns aproveitarão melhor que os outros … e marcando no calendário as semanas que faltam para as férias distantes e desejadas, que nos possibilitem a fuga ambicionada desta rotina acinzentada.
Os filhos crescem, os pais ficam velhinhos e distantes, preparando a partida …
O emprego vai mal, obrigado ! mas ainda existe e proporciona ao fim do mês a nota, que mantém a vidinha mais ou menos estável. É verdade que é sempre pouco e disso nos queixamos bastante, mas ainda que fosse mais, seria sempre pouco, porque há muita coisa que o dinheiro ainda não consegue comprar (ainda bem, safa !!!).
Os sonhos ainda cá moram, felizmente ! se bem que diferentes dos de há 20/30 anos atrás, mais pequeninos e sensatos porventura. Sabemos, cá no fundo, que apenas uns 10% deles, chegarão talvez a bom porto, mas não nos podemos deixar intimidar por isso e tentamos manter a convicção de que todos são realizáveis e credíveis.
A saúde, por vezes pisca o olho de malandrice, cansada de mais ou menos excessos … e lá temos que fazer mais um esforço, para lhe trocar as voltas, cortando nas bejecas, diabolizando o tabaco, subtraindo umas caminhadas ao sofá preguiçoso e à televisão hipnotizante e trocando as dobradas e as farinheiras, por couves e arroz integral.
Temos opiniões, concerteza, mas subconscientemente ou não, vamos deixando de falar nelas, cansados de becos sem saída, promessas adiadas ou ideologias esfarrapadas.
Resta-nos felizmente as artes, a música, o cinema, a fotografia, ou qualquer outro dos nossos hobbys que nos entusiasme, nos exceda, que transborde das rotinas , que ultrapasse o cinzentismo dos quotidianos. Aqui podemos crescer, amar, sonhar, conhecer outros seres interessantes, evoluir e melhorar !!!
Felizmente !!!