terça-feira, 8 de janeiro de 2008

2008 e o fumo

Ao começar este ano de 2008, alguma coisa de verdadeiramente diferente aconteceu: já podemos entrar num café, num bar ou num restaurante e disfrutar dos nossos momentos de lazer, relaxadamente, sem a “paranóia” de ver entrar pela porta e sentar-se ao nosso lado, um desses seres fumegantes e que exalam um fedor característico, a que se convencionou chamar de fumadores.
Que me perdoem os meus amigos fumadores, gosto muito deles, mas não consigo deixar de me sentir incomodado pelo pivete que emana dos seus apêndices fumegantes.
O problema está, sempre esteve, no simples facto de que a liberdade de cada um de nós, acaba no ponto exacto onde começa a liberdade do outro …. E o fuminho malandro, não conhece fronteiras, nem limites de qualquer espécie, pelo que frequentemente invade o espaço aéreo vital do outro, o não fumador, que se vê assim claramente diminuído na sua liberdade de respirar ar mais puro e menos contaminado.
Pior ainda, a vil fumaça tem ainda a irritante característica de por vezes invadir os corpos alheios e lá inserir a sua semente malina, que passado algum tempo se vem a materializar na forma de tumores, ou outras indesejadas criaturas.
Por outras palavras, fumar faz mal à saúde, não só dos que fumam e assumem esse risco, mas também daqueles que não fumam e não querem ser expostos a essas eventualidades.
Ah, mas dizem alguns, já há tantas coisas que fazem mal, tantos venenos a que estamos sujeitos no quotidiano, que mais um, não traria grande mal ao mundo. Triste argumento, de uma pobreza franciscana, então não queremos todos um mundo melhor ?
Nem vale a pena perder muito tempo com estas alegações, nem vale a pena perder muito tempo com o discurso do coitadinho, que tem vindo a ser veiculado por alguns nos últimos dias. Coitadinhos dos fumadores, diminuídos nas suas liberdades, perseguidos e espoliados do seu prazer mais vibrante. Coitadinhos !
Lamento, mas não consigo sentir nenhuma pena deles. Talvez da mesma forma como eles não sentiam qualquer pena de mim, quando ao fim de alguns minutos num bar ou num café, o ambiente pestilento do seu fumo, me empurrava para a rua, me obrigando assim a não poder usufruir livremente da minha bebida, ou do convívio com os amigos, por manifesta incapacidade pulmonar . Que eu me lembre nessas alturas ninguém disse:
Vamos fumar lá para fora, que o ambiente está muito pesado e incomoda os não fumadores. Que jeito, fuma mas é mais um, que o nevoeiro ainda está pouco espesso.
Agora os fumadores passam a estar à defesa, fizeram-lhes reparar à força, que o fumo incomoda, que não é bem vindo.
Gradualmente vão-se habituar, vão-se adaptar … e mais quando lhes passar esta primeira fase raivosa, vão até compreender, que por vezes há males, que vem por bem, ou seja que talvez este, seja o empurrão final para deixar esse maldito vício, que tanto mal lhes faz.

2 comentários:

Anónimo disse...

Zacarias
Genericamente concordo contigo, mas a verdade é que emerge agora também, em inúmeros contextos, um certo espírito pidesco e delatório que nunca foi estranho, aliás, ao volkgeist nacional. É isso que me preocupa, apesar de, enquanto cidadão não fumador, a lei só me afectar positivamente, pois também já não tenho que gramar o fumo nos corredores da instituição onde trabalho, o que é óptimo...
Marley

Anónimo disse...

Meu caro Zacarias, concordo a 200% contigo mas outros fumos já se levantam no horizonte!

À boa maneira portuguesa, começam a brotar destas mentes nubladas pelos fumos da droga, abaixo-assinados e petições que têm como finalidade furar a lei anti-tabaco, e como neste país, regido por uma cambada de abrunhos sempre prontos a recuar desde que isso lhes cheire a dinheiro ou a outros interesses obscuros, tudo é possível, não me admiraria nada verificar dentro de pouco tempo que as inteligências, que levaram tantos anos a pôr cá fora uma lei que só peca por tardia, voltaram com a palavra atrás perante o poder económico de certas forças.

Começou com os casinos, onde se movimentam fortes interesses no sentido de considerá-los acima de qualquer lei anti-tabaco!
Agora são as discotecas que promovem petições para usufruirem dos mesmos benefícios. A seguir serão os bares. Depois, os restaurantes, cafés e pastelarias e dentro de algum tempo estará tudo a voltar ao mesmo!

Teremos então os fumadores a rir que nem uns perdidos, os donos dos estabelecimentos a dizer que assim é que é bom e que o tabaco nunca fez mal a ninguém e o Governo a poder contar com mais uns milhões provenientes dos lucros fabulosos que obtem com a venda de uma droga que cinicamente quis proibir.

Se isto não é Portugal no seu melhor...!?