Todos os anos quando chega o Verão o flagelo dos grandes incêndios ocupa de forma bem clara, o topo das preocupações de todos os portugueses, que de norte a sul vivem fora das cidades, no campo.
Todos os anos o desastre regressa, fruto da ganância de alguns e da incompetência de outros, que levou durante anos à eucaliptização global de tudo o que era serras, montes e campos.
Errado ! Muito errado ! veio a descobrir-se mais tarde, quando o mal já estava feito e era irremediável .
Hoje muitas antigas plantações abandonadas, continuam a vingar, apesar dos incêndios periódicos, já que a praga que é o eucalipto, regenera a uma velocidade brutal, consumindo toda a água e os nutrientes dos solos, que invade .
É um cancro vegetal, que se espalha irremediavelmente, apesar de todas as terapias e contra a vontade dos incautos proprietários dos terrenos, que dantes pensaram ter ali o seu petróleo verde (como foi abundantemente anunciado, por alguns políticos incompetentes da época).
Retirar os eucaliptos das terras, com raízes profundas e solos totalmente enfraquecidos é caríssimo, trabalhoso e muitas vezes inglório (a maldita praga arranja formas de voltar …).
E depois o eucalipto arde com enorme facilidade. Aliás é isso que ele faz melhor, para desespero dos bombeiros e das populações, que sentem na pele este flagelo.
Depois e durante os grandes incêndios de todos os Verões, os políticos de merda, que elegemos para nos governarem anunciam solenemente uma solidariedade nacional para com as populações atingidas e os seus bens destruídos e um reforço eficaz dos meios de combate aos incêndios, no futuro breve ou seja no Verão seguinte.
Mentira ! mentira ! mentira !
Passado algum tempo os media deixam de filmar os pobres campaniços em lágrimas, que serviram na altura própria para manter altos níveis de audiências e os políticos “esquecem-se” de mandar os apoios prometidos . Para lá ficam abandonados à sua sorte, ou são depositados à bruta, numa daquelas semi-prisões, para a terceira idade, que se convencionou chamar de asilos.
Quanto aos meios de combate a incêndios, nunca mais se volta a falar neles, até que no fim do Inverno seguinte lá se anunciam alguns helicópteros e pouco mais.
Num país com muitas montanhas, com matas de eucaliptos cerradas, onde não há caminhos e os carros de bombeiros não conseguem entrar, só os aviões tem alguma eficácia e são realmente úteis no combate a grandes fogos florestais ( muitas vezes com frentes variadas e com kilometros de extensão).
Por isso todos os anos o país gasta muitos milhões de euros no aluguer destes aviões, negócio chorudo para certas empresas, de alguns amigalhaços, certamente e que nunca são suficientes, restando nas ocasiões de maior sufoco e necessidade, pedinchar a outros países, que se dignem a mandar mais alguns aviões para salvar o que ainda resta.
Foi prometido, por este mesmo governo a aquisição definitiva de 4 ou 5 aviões, com grande capacidade de transporte de água.
No ano passado a compra falhou porque houve uns atrasos burocráticos no concurso, blá, blá …. blá, blá.
Este ano vêm agora estes políticos irresponsáveis dizer, que afinal já não é preciso, os helicópteros chegam … o défice … a racionalização económica, etc, etc ….
O que eles não dizem é que cada submarino, que o “endinheirado” Estado Português vai adquirir, daria para comprar uns 40 ou 50 destes aviões !!!!
Preparem-se vai arder muito, muito mesmo !!!!
E a culpa, mais uma vez, não será de ninguém !
É o Fado, talvez !
Ou então do malandro do Dom Sebastião, que fugiu para Marrocos, há uns séculos atrás … e nunca mais voltou.
1 comentário:
Cada vez me convenço mais de que, tal como se interrogava há tempos um qualquer comentador mais ou menos ortodoxo num jornal de grande expanssão, este país deixou de ser viável enquanto projecto colectivo. A soberania foi-se, depois de desmantelado o aparelho produtivo. A língua e a cultura esvaiem-se nos templos do consumo onde nos entretemos a adorar o bezerro de ouro, enquanto nos templos do saber se vende mercadoria-conhecimento e há pressões para instaurar o inglês ( o "nosso" inglês, que é um reles pidgin que nada tem a ver com a língua de Dickens e Blake...) como veículo do ensino - aliás, da venda dos novos produtos do conhecimento, que se querem adequados às empresas, como não se cansam de repetir. É isto o início da economia do conhecimento e da sociedade do conhecimento de que tanto se orgulham os nossos políticos. Depois do capitalismo mercantil e do capitalismo industrial, chegamos agora à era do capitalismo cognitivo e assistimos à emergência de uma hedionda pequena burguesia planetária... E nós... - nós trabalhamos para engordar a banca e para possibilitar as indemnizações de 10 milhões de euros ao administrador do BCP ou o salário de 280 mil euros mensais do governador do Banco de Portugal. Como não há-de arder a nossa floresta? Se não fosse de mão criminosa haveria de ser de vergonha...
Lamento dizê-lo, mas parece que a regra básica da sobrevivência perante o roubo da coisa pública, a cleptocracia vulgarizada e a corrupção impune, é o abandono de toda a esperança, como quando se entrava para um campo de concentração...
Marley
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