Bom dia !
Irritam-me profundamente as pessoas que não cumprimentam!
Principalmente aquelas criancinhas e jovens pouco simpáticos, que insistem em não ligar nada, nem nada dizer a cada novo ser que aparece, sejam conhecidos ou não.
Como posso eu aceitar que miúdos com quem eu andei ao colo, filhos de amigos de longa data, hoje mostrem por mim o mais profundo desinteresse e me tratem como se eu fosse algum ser desprezível, que é preferível ignorar.
Será assim tão difícil, trabalhoso ou chato pararem um pouco o seu jogo, a sua televisão, ou apenas o seu egocentrismo, para me darem um beijo, um aperto de mão, um simples olá, ou qualquer outra forma de saudação?
E o que dizer dos seus pais, educadores vencidos pela insistência ou arrogância de uma birra, de uma teimosia, ou apenas por uma grande dose de parvoíce?
Estes pais são na realidade os verdadeiros culpados. Porque cederam, porque desistiram, porque não insistiram. Porque talvez não pensaram ou não compreenderam a enorme importância que tem o cumprimento.
Porque talvez alguns deles também o façam. Porque também muitos deles estão perfeitamente subjugados pelos pequenos ditadores que criaram e fazem todos os possíveis por evitar birras, gritos ou discussões.
O cumprimento não é exclusivo do ser humano. Os cães, os macacos, as baleias e muitos outros animais fazem-no.
O cumprimento é uma declaração de boas intenções, de amizade e tem a função de evitar conflitos.
O acto de cumprimentar pressupõe os estabelecimento de um laço, de uma relação ainda que mínima com o outro. Mostra não só que não tememos, mas que também dele nada temos a temer.
O cumprimento cria uma envolvência positiva, predispõe bem e facilita qualquer tipo de entendimento.
Em contrapartida a ausência de cumprimento cria uma má opinião, crispa as relações e pode ser interpretada como uma forma de agressão.
Cumprimenta, mesmo quem não gostes.
Não só lhe retiras um argumento para ele também não gostar de ti, mas poderás também criar um início de um envolvimento mais positivo …. e quem sabe até se não poderás vir a mudar de opinião acerca da outra pessoa.
Vale a pena pensar nisto!
18 comentários:
Estou contigo Zacarias, a mim também me aflige. Nem um olá, um aceno de mão, um simples sorriso... Os pais desses miúdos não imaginam, mas de facto, quem andou com eles ao colo... dói mesmo. A mim dói-me e deixa-me uma tristeza, uma sensação de vazio...
Já o Burning Spear cantava que "social living is the best"... e tinha - e tem ainda - toda a razão!
One Love
Marley
Fartei-me de pensar se comentaria e o sim na minha cabeça ganhou!
Pois a mim irritam-me os amigos que passam pelos aniversários dos amigos e não são capazes de dar uma palavra amiga, (sendo o mundo tão pequeno!...)
Margaridaa
Cada um de nós irrita-se com diferentes coisas. É normal.
Aqui há umas semanas atrás, publiquei uma mensagem com umas fotos a dar os parabéns a um amigo comum.
Não costumo fazê-lo aqui no blog, mas dessa vez resolvi abrir uma excepção. Arrependi-me logo de seguida, já que o homenageado nem se dignou a uma palavrinha a agradecer a minha atenção.
A partir daí decidi não voltar a incluir aqui mensagens de parabéns, para evitar futuras decepções.
Para terminar gostaria de te dizer que à parte o blog, procuro ser justo com os aniversários dos meus amigos. Numa base de reciprocidade, costumo felicitar aqueles, que também se lembram de mim e me felicitam, quando eu faço anos.
Beijos para ti
Confesso que, por vezes, me esqueço dos aniversários dos amigos... E confesso que também já me aconteceu ir à lista (nós temos todos uma lista, concebida pelo Janus e pela Amorena, não
é verdade?...), constatar que há alguém a fazer anos e pensar: "mas se nunca me telefonam a mim, porque carga de água vou eu telefonar?"... E também me acontece telefonar a parabenizar alguém ("parabenizar" parece cómico e, simultaneamente, ridículo, mas ouvi dizer que com esta parolada de cá a querer falar só em inglês, serão os brasileiros a salvar a língua portuguesa, hehehe....) sem que esse alguém me telefone. Enfim, tudo é possível, até porque há amigos para quem isso é muito importante e outros que se marimbam completamente para o seu aniversário (ou, pelo menos, fingem bem) e, claro, para o dos outros...
O que está em causa, como diz o Zacarias, é a saudável reciprocidade que é assim como a água que mantém o jardim da amizade sempre florido. Não significa que as pessoas dêem só à espera de receber ou que apenas se lembrem porque também querem ser lembrados. Pode parecer que é isso, mas não é - pelo menos no sentido egoista em que poderão estar a pensar. Eu acho que gostamos de nos sentir amados e gostamos de saber que temos alguém que gosta de nós (fado: "é tão bom ser pequenino..."). Quando gostamos das pessoas e nos esforçamos por ser queridos para elas, com um qualquer pequeno gesto, uma palavra amiga, um aperto de ombro, uma prenda, é natural que fiquemos tristes quando não sentimos eco. É humano até, por vezes, desinteressarmo-nos das pessoas ou ficarmos até magoados... Eu, por exemplo, sempre adorei os meus amigos do Belgistão (mesmo com uma ou outra rezinguice do passado ou diferenças abissais em certas maneiras de ver o mundo) e sempre que sabia que eles vinham cá à Tugalândia, largava tudo e corria para o pé deles. Mas não sei por que carga de água, passaram a ter uma vida social tão intensa, que conseguiam ir visitar toda a gente - os amigos prioritários - que deixaram de ter tempo para me visitar (calculo que deve ser porque não gostam da minha mulher, mas quanto a isso nada posso fazer). Ora isto entristeceu-me muito e criei assim como que uma distância de segurança, para não doer tanto. Depois, com os anos, deixou de doer e hoje, já não ligo... Poderia repetir histórias destas até acabar como o Calimero, a choramingar e a clamar que é uma injustiça... Nem vos falo dos colegas de trabalho... - daquelas pessoas com quem nos damos lindamente, nos entendemos bem e a quem não hesitamos em fazer sentir o nosso agrado pela sua amizade e... os anos passam e aos nossos muitos gestos de amizade não se sucede nada, a não ser silêncio, indiferença e, por vezes, pior do que isso. Calculo que seja para se defenderem; que pensem (sintam) qualquer coisa do tipo: "este cabrão deste mundo é tão mau que se me dão alguma coisa desconfio e é melhor pôr-me à defesa antes que me venham cobrar qualquer coisa em troca". E nunca percebem que quando se fala em reciprocidade, não é de cobrar favores que se trata, é apenas de nos sentirmos aconchegados pela certeza de que há alguém que gosta de nós, que se lembra de nós, e que faz questão de o mostrar, de o dizer cantando a toda a gente...
Mas isto deve ser conversa de velho. De futuro, a amizade reduzir-se-á, para alguns de nós, a uns bonequinhos num monitor, animados por botões de teclado. Evita-se assim a chatice que é aturar pessoas de carne e osso, que nem sequer conseguem voar...
(aqui a banda sonora é o "Instant Karma" do J. Lennon)
Beijos e abraços a todos
E aproveito para pedir desculpa pelas vezes que me esqueci de vos dar uma palavrinha nos vossos aniversários...
One Love
Marley
Este tema faz-me lembrar aquele vídeo dos abraços. Quem quer um abracinho?
Penso exactamente como tu Zacarias. Um sorriso é um sinal de boas intenções e desarma qualquer temor.
Mas enfim, há muita gente com problemas, quase todos nós aliás... Eu não fico nada chateada ou ofendida se alguém não me devolve um sorriso, ou um bom-dia. Há quem goste de andar rabugento e faça culto disso, é uma opção pessoal. Quanto às crianças...bem a minha opinião é que nem todos tem jeito para ser pais ou educadores. O que se há-de fazer? Os putos vão crescendo com mau feitio, e um dia serão adultos foleiríssimos com alguns problemas. Se tiverem discernimento aprendem e mudam à custa de alguns desgostos, senão tornam-se umas pestes de gente. Se assim não fosse não havia gente idiota à nossa volta, só pessoas estupendas, que bom que seria...
Quanto a essa coisa dos agradecimentos...eu por exemplo fui sempre muito distraída com isso (como noutras coisas) tanto no dar como no receber. E nunca me passou pela cabeça ofender-me com alguém que não me devolveu uma palavra de agradecimento. Acho insignificante, nem reparo... E se nem com essas somos tolerantes então como reagir com outras bem mais difíceis?
Xinha
Ó Marley, que dizer, eu, que gosto tanto de ti!!!
Que as coisas não são fáceis nem simples, principalmente nesse tempo de férias!!Um dia destes falo-te nisso por outros meios.Mas acho, sim, que a amizade tem que encontrar outros caminhos alternativos, melhor isso que não fazer nada porque já nada se pode fazer como já se fez, pelo menos por enquanto. (E se há pessoas que fazem parte da minha família escolhida, uma delas és tu!)
Beijos do Belgistão
Porque será que não tens publicado os meus comentários Zacarias? Já enviei dois que não apareceram, e um terceiro apareceu depois de um posterior ao meu.
Xinha
...e ainda, se eu falei dos aniversários, foi porque este post me irritou e muito, eu não acho que se deva cumprimentar toda a gente,eu não o faço e prefiro não ser cumprimentada a receber sorrisos amarelos e palavras de circunstância. E quanto ao resto, apetece-me perguntar há quanto tempo é que o Zacarias não tem putos pequenos em casa: tanta raiva contra os putos e contra os pais!! (Ainda estou irritada!!)
Boa lembrança, a do vídeo dos abraçinhos, Xinha!
Abraços pois, para todos, fortes e saborosos!
Taças erguidas!
Centelhas acesas!
One Love
Marley
Margaridaa
Os meus filhos sempre cumprimentaram todos os amigos e conhecidos.
Eu e a minha companheira sempre fizemos questão disso e não facilitámos nesse ponto.
Sabes também que lido diariamente com crianças e dou valor áquelas que cumprimentam, são simpáticas e agradáveis com os outros.
Só lhes fica bem e é um grande passo para virem a ter sucesso no futuro.
Isto é uma opinião, claro, que qualquer um é livre de discordar.
Desculpem a interrupção... mas... eu só queria dizer que uma colega minha não cubana fez uma conferência para um auditório de cerca de 200 encarregados de educação e, quando leu uma adaptação de um texto que circula bastante na net acerca da permissividade dos pais e da ausência de formação que os seus filhos apresentam, como é o caso do cumprimento, para não falar de outras consequências mais graves e que os pais teimam não ver, o auditório caiu num silêncio profundo, sentiu-se o ar muito pesado, como se todos eles se estivessem a identificar com o texto. Foi um momento extremamente emocionante, para nós, profissionais que estávamos a ver aqueles paizinhos todos levarem uma chapada de luva branca. Obrigada pelo desabafo.
Cubana
Ó Margaridaa, não percebo porque te irritas assim tanto?! A tua (nossa) amiga Tita nunca te ensinou que "quem não se sente..." - nem preciso dizer mais que tu sabes o resto. Eu partilho do sentimento do Zacarias e não é raiva coisa nenuma. Achas que alguém ia ter raiva aos miúdos ou aos pais? è exactamente o contrário: a malta gosta dos putos que conhecemos desde pequenos e gosta dos pais, e por isso nos entristece que eles nos desprezem tão ostensivamente, sem uma chamada de atenção dos pais para as regras da boa educação. Tu dizes que te dás mal com isso, mas eu dou-me bem e desejo o mesmo para a minha filha, porque acredito que a devo preparar para se relacionar normalmente com os outros (e bem entendido que se ela não gosta de alguém é livre de virar costas e não há muito que eu possa fazer) e isso passa pela interiorização de regras - só assim há crescimento saudável. Agora ficar indiferente ao próximo parece um sintoma de algo que não está bem). Quando penso nisto lembro-me logo de um caso concreto: ele era uma santidade e ela uma fada, como a minha, mas as camadas protectoras tornaram-se tão espessas que passaram a recusar até mesmo o grau zero do afecto que podemos ter por alguém. Na verdade, no decurso da nossa vida normal, saudamos com bons dias e boas tardes imensa gente por quem não temos qualquer afecto (se bem que, para quem mora numa aldeia, como é o meu caso, não é despropositado falar no afecto, na estima que aprendemos a sentir, pelo rapaz do talho, pelas miúdas da caixa do supermercado, pela senhora da papelaria, ou pelos estranhos com quem conversamos quando nos cruzamos a passear os nossos cães...). Pois então, será assim tão anormal que gostemos de ser saudados pelas crianças? Não será que somos um pouco família para eles? Não será que o afecto que temos por eles não merece ser cultivado? Eu fico triste, pois adoro conversar com miúdos, meter-lhes tangas brutais daquelas que até fazem rir, para ver a reacção deles e como vão dizer que não é verdade... Mas quando nem para isso tenho oportunidade... E se eu penso num caso concreto, de miúdos que não falam, o que está aqui em causa são princípios, e é isso que estamos a discutir. Aqui onde moro, sucede frequentemente trocar bons dias e boas noites com pessoas na rua...
One Love
Marley
Eu concordo em absoluto com o princípio de tentarmos ser amáveis com todos. E acho que isso deve ser ensinado ás crianças como é evidente. não me parece sensato obrigar crianças pequenas (1, 3 anos) a ser simpáticas com toda a gente, elas são bem mais intuitivas que nós para perceberem quem é querido e merece atenção, mas quanto ás grandes não há desculpa, a culpa é de certeza do ambiente e falha redonda dos educadores que deveriam estar atentos.. Mas se os pais tiverem problemas o que fazer? Como podemos dizer aos pais que os seus filhos estão a ser antipáticos e egoístas? Que se estão a desenvolver excessivamente centrados nas suas pessoas? Como explicar isto quando os pais são eles próprios insensíveis ou desequilibrados. Isto é um assunto delicado e complicado de abordar. Posso vos dizer que ao longo da m. vida já constatei que só umas 5% das pessoas que conheço são sensatas a educar os seus filhos. A maioria ou mima em excesso, ou é cruel com os seus rebentos. Não sempre a tempo inteiro, mas o suficiente para deixar marcas. As crianças são muito queridas e se forem cuidadas de forma temperada são dóceis e fantásticas companhias.
Eu há muito que resolvi deixar de intervir com os filhos dos outros...e só o farei se não me conseguir conter por causa maior.
Xinha
Revelas sensatez Xinha! Acho que fazes bem, mas... só 5%?... Não estarás à subir demais a fasquia?...
One Love
Marley
Passei mal a minha mensagem e o que eu queria dizer. Quem me conhece sabe (espero) que sou educada e simpática. Já mo têm dito. Dos meus rebentos também . A mim o que me incomoda é o tom didáctico e obrigacional do "tem que ser assim".Só esse tom me crispa. É óbvio que concordo com todos vocês, mas a maneira de transmitir a mensagem não pode ser via "tem de ser", mas : "repara, sente, como é melhor".
Há muitas maneiras de se educar.E a aprendizagem funciona sempre para os dois lados,para quem educa e para quem é educado, por isso quem educa nunca pode estar 100 por cento certo da sua certeza, tem que estar aberto às outras maneiras de ver.
Talvez...Mas tenho visto tanto disparate...que se calhar os 5% revelam mais o meu desgosto que a realidade.
Xinha
Boa Margaridaa! Clarificação perfeita! Concordo contigo!
Ah!... Oh amiga cubana, quando falaste numa "amiga minha não cubana" fiquei a pensar se serias efectivamente cubana, havanera...
És? Ou estás a mangar com a gente?
One Love
Marley
Marley: talvez...mas tenho visto tanto disparate...que se calhar os 5% revelam mais o meu desgosto que a realidade.
Maargarida: eu acho q nós educadores temos mesmo o dever de educar no sentido em que tem sido falado aqui...Temos! É um dever. Agora “o assim”, a forma, concordo em absoluto contigo, deve ser adequado à situação. Ninguém falou aqui em ter que ensinar à porrada. Cada um deve encontrar a melhor forma de passar a mensagem, seja pelo exemplo ou pela palavra. Com poucas ou muitas palavras...etc. Mas este dever, é sempre relativo...pois depende primeiro que tudo da consciência de cada um, e aqui, é que começam os problemas.
bjinhos
Xinha
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