sábado, 3 de março de 2012

Os venenos legais. Parte 2: Sulfitos

Sulfitos: evite se possível
Apesar dos limites estabelecidos na lei, há alimentos que os ultrapassam e alguns rótulos nem sequer anunciam estes aditivos. Leia a lista de ingredientes e opte pelos que não contêm.


Os sulfitos são substâncias que evitam o desenvolvimento de microrganismos e ajudam a manter a cor original dos alimentos. Mas em doses exageradas podem ter efeitos indesejáveis.
Efeitos na saúde
Quando ingeridos em doses elevadas, os sulfitos podem ser tóxicos. A ingestão de quantidades acima de 0,7 miligramas por quilo diários pode provocar, entre outros, dores de cabeça e abdominais, náuseas, vómitos e diarreia, bem como reações asmáticas graves e, em casos extremos, a morte. É fundamental que os limites legais não sejam ultrapassados e se faça referência à presença destas substâncias nos produtos embalados e a granel, para que pessoas sensíveis consigam evitar a sua ingestão em doses exageradas.
O IARC (International Agency for Research on Cancer) qualificou os sulfitos como “não classificados quanto à sua carcinogenicidade em humanos”, o que levanta suspeições quanto ao seu potencial cancerígeno.
Ler o rótulo
Na União Europeia, os sulfitos são representados pelo código E220-E228, excluindo o E225, e considerados, a partir de 2005, como alergénicos se a sua quantidade exceder 10 miligramas por quilo ou litro. Uma vez ultrapassado este valor, é obrigatória a menção no rótulo. É essencial que os rótulos mencionem estes aditivos. Os sulfitos, ou dióxido de enxofre, são ingredientes que devem ser indicados no rótulo, na respetiva lista, pelo nome da categoria: conservante e o nome ou número do aditivo (de E220 a E228, com exceção do E225).
Nos vinhos, sem lista de ingredientes, deve constar a expressão “contém…”, seguida dos termos sulfitos, anidrido sulfuroso ou dióxido de enxofre.
Alguns produtos anunciam conter sulfitos sem os ter, prática a evitar por colocar em alerta os consumidores de forma desnecessária.
Lei demasiado abrangente
Há um número alargado de géneros alimentícios que podem conter derivados de enxofre (dióxido de enxofre e sulfitos), dentro de determinados limites. O problema é que a dose diária admissível (DDA) de sulfitos pode ser ultrapassada se combinarmos alguns alimentos ou consumirmos em demasia um deles. Pode não representar um risco direto para o consumidor, mas é um fator a considerar.
A utilização dos sulfitos é questionável e nem sempre a sua aplicação é correta ou necessária. Na maioria dos casos, podem ser dispensáveis se boas práticas de produção, fabrico e conservação forem seguidas e se estabelecerem prazos de validade adequados.
O uso de sulfitos na carne e derivados também se prende com razões estéticas, para conferir um ar de frescura a produtos que podem não estar frescos. A baixas temperaturas de conservação, os sulfitos têm mostrado ser eficazes contra o desenvolvimento de microrganismos. Mas não é preciso recorrer a estes aditivos. Por exemplo, nada justifica o seu uso em produtos de carne congelados. Manter uma cor atraente não é um argumento válido.
Em frutos e outros alimentos de origem vegetal, os fabricantes recorrem aos sulfitos também para evitar a oxidação. Este fenómeno natural não é perigoso, mas o aspeto do produto fica comprometido. O teor autorizado por lei, por exemplo, em frutos secos, é elevado para permitir uma cor mais atraente. É possível não utilizar sulfitos ou recorrer a quantidades menores. Alguns limites legais são demasiado elevados face ao necessário.
Lavar antes de cozinhar
Em camarões e outros crustáceos, os sulfitos evitam a melanose, que se caracteriza pelo aparecimento de tons escuros na cabeça e na parte superior do abdómen. Embora também não seja perigoso para o consumidor, este fenómeno não joga a favor da aparência dos camarões.
Os teores em sulfitos podem variar bastante, até no mesmo lote. Isso acontece pelo facto de, nos navios, serem espalhados por cima daqueles crustáceos e, por vezes, os que estão no topo ficam com maiores concentrações. Seria mais prudente recorrer a soluções aquosas para a distribuição ser mais equitativa e assegurar a presença de quantidades mínimas.
É importante não esquecer lavar bem os camarões antes de os confecionar.

In  “DECO Proteste”

1 comentário:

Unknown disse...

1º vinho certificado sem sulfitos promete acabar com as dores de cabeça do dia seguinte

02 | 08 | 2010 11.11H
Daniel Gil da agência Lusa
O mentor deste vinho é o diretor comercial da Casa Agrícola Roboredo Madeira (CARM), Filipe Madeira, que à agência Lusa explicou que os efeitos deste “alergénico”, referindo-se aos sulfitos e mais conhecido por enxofre, são os responsáveis pelas dores de cabeça que muitas pessoas sentem ao acordar, após o consumo de vinho no dia anterior.
O novo CARM DOP Douro, trata-se de um vinho de 2009, proveniente de uvas 100 por cento Touriga Nacional, a casta escolhida pela empresa de Almendra (Vila Nova de Foz Côa), para experimentar este novo método.
O vinho foi aprovado pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), num processo de certificação que, segundo Filipe Madeira, obrigou a duas tentativas no painel de provas que considera os novos vinhos DOP Douro.
Bento Amaral, Chefe da Câmara de Provadores do IVDP, não tem conhecimento de um outro vinho que tenha sido lançado “com estas características e aprovado como DOP a nível nacional”, disse à Lusa.
Para conservar este vinho sem a adição do sulfuroso, Filipe Madeira (mentor do projeto juntamente com o enólogo António Ribeiro) contou que segue uma “metodologia específica de produção”, nomeadamente o “cuidado a ter com a atmosfera controlada, sem oxigénio, em todo o processo”, que vai desde a fermentação ao engarrafamento.
“A cultura biológica sempre foi uma aposta da família”, sustentou Filipe Madeira, que acredita que este é um vinho com “valor acrescentado para o Douro”, e que os vinhos sem sulfuroso vão ser “necessariamente o futuro”.
A empresa CARM foi criada em 1999, “para trabalhar com a herança das propriedades de vários séculos da família”, contou à Lusa o fundador, Celso Madeira.
“Fomos talvez a primeira entidade a apostar nos vinhos do Douro Superior, com uma vinha de muito alto rendimento plantada já em 1965, quando os vinhos do Porto e do Douro eram fundamentalmente produzidos do Pocinho para baixo”, quando ainda ninguém falava nesta região, recordou.
Para a vindima que se segue, já em setembro, a CARM pensa aumentar a produção dos seus vinhos sem adição de sulfuroso para os cinquenta por cento da colheita total.