domingo, 3 de março de 2013

A Manif

Ontem foi dia de manifestação !
Por todo o país em muitas cidades as pessoas saíram à rua, acedendo à convocatória do movimento "Que se lixe a Troika", para manifestar o seu desagrado e revolta, para com este governo, as suas políticas e o estado a que chegou este país.
Portimão foi uma das muitas cidades onde houve manifestação e é sobre o que aqui aconteceu que eu vou falar. Não pretendo extrapolar as minhas reflexões para todo o resto do país, por que não estive nesses outros locais e portanto não sei bem o que lá se passou.
A manifestação de Portimão deixou-me sentimentos contraditórios.  Passo a explicar:
Por um lado, um sentimento positivo de ver tanta gente na rua ( estimaram em 2 mil pessoas), numa cidade que não é de luta ( como acontecia na minha terra, Setúbal, a outrora cidade vermelha), mas sim de férias, praia e lazer.
Por outro lado um sentimento negativo de tristeza, por constatar que foi uma manifestação de velhos e pessoas de meia idade.  Onde pára a juventude ?  Onde ficaram os adolescentes e os jovens, tão duramente afectados por um desemprego atroz, que na sua faixa etária deve ultrapassar os 50% e sem perspectivas de futuro ?
Será que acham que os problemas graves do país e da sua governação não lhes diz respeito ?
Será que emigraram todos procurando lá fora o trabalho e a vida que este país lhes nega ?
Por isso talvez, esta foi uma manifestação demasiado bem comportada !!!
Por vezes quando, os gritos de alguns poucos se calavam, parecia mais um enterro, que uma manifestação.
Faltava ali a irreverência, a loucura e o calor humano da juventude !!!
E nem os "Homens da luta", que por acaso ali se encontravam naquele dia, conseguiram agitar e excitar aquela massa humana preocupada e triste.
Será do excesso de anti-depressivos ? Será do Inverno cinzento e frio ?
Por onde anda a esperança, que como diz o ditado deveria ser a última a morrer ?

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigo Zacarias
Sim, nós também estivemos na manifestação, em Lisboa. Muita gente, mas muita frustração, muito desespero e tristeza, pouca esperança no futuro e que algo vá mudar brevemente. Olha o exemplo recente de Itália, com a crise e a falta de credibilidade na política, nos políticos, nos partidos e na própria democracia, as pessoas sem esperança e alternativas sérias, votam em palhaços como o Grillo e o Berlusconi. É o suicídio da Europa, como a conhecemos, a pátria da democracia, da liberdade, da igualdade e da solidariedade. Voltando às manifestações, mesmo assim, acho que esta, em Lisboa, teve menos gente que a de 15 de Setembro de 2012 (a da TSU, em que se acreditava que o governo iria/poderia cair rápidamente) Enfim, estas manifestações apartidárias e meio espontâneas, são giras, mas depois acabam num vazio, sem continuidade, não têm uma "voz", um elemento aglutinador ... dá para ir "grandolando" uns ministros... O presidente é um reformado a viver num palácio (Belém) e que não tem nada para dizer aos portugueses...A oposição está apática... O PC continua a viver no passado... O Bloco, com a saída do Louçã, perdeu expressão e força...O Mário Soares, de vez em quando acorda e dá uns gritos, inúteis...no PS ainda paira o fantasma do Sócrates e o Tó Zé Seguro não constitui alternativa nem para si próprio ...a assim vai o país, numa estado de coma colectivo e profundo e sem fim à vista...
Abraço
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