Detesto cortinas!
Elas aprisionam-me o olhar e impedem o meu ser de se espraiar livremente para fora das janelas.
As cortinas deprimem-me, transmitem-me uma sensação de claustrofobia, uma espécie de asfixia da “alma”, que dificilmente suporto.
Acho que, ao contrário do que diz o senso comum, as cortinas não servem para impedir que os outros e o mundo lá fora, nos vejam na nossa privacidade, mas servem sim para que nós não possamos ver o mundo e a vida que não para lá fora, do outro lado das nossas janelas.
As cortinas, tal como a saudade, o fado, a inveja e a cunha, são traços marcantes do “ser” Português.
O português esconde-se atrás as suas cortinas e não deixa o sol, a luz e o mundo entrar na privacidade das suas casas.
Se pudesse, gostaria de ter uma casa com paredes de vidro, onde pudesse estar dentro (com todo o conforto necessário) e sentir-me ao mesmo tempo fora … onde a chuva não caísse, mas onde eu a pudesse ver, onde o sol não queimasse, mas onde eu pudesse assistir ao desenrolar dos dias e das noites … e sentir-me feliz por estar vivo, num planeta tão belo.
Por tudo isto cortinas, não obrigado!
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