segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desencanto

O Zacarias tem estado calado.
Muito tem acontecido a este meu país ... muitas voltas, reviravoltas, polémicas, discussões, gritarias, promessas, soluções, recuos, desilusões ...
O Zacarias tem estado calado.
Na verdade não lhe apetece falar destas coisas ... parece que já tudo foi dito, vezes sem conta, analisado até à exaustão ... e para quê afinal ? ...
Tudo permanece igual, mediocremente igual, irremediavelmente igual ... todos os erros do passado voltaram a ser cometidos no presente ... e parecem implacavelmente destinados a voltarem a ser cometidos no futuro.
Se alguma coisa mudou é apenas o "fado" lusitano, que aparece cada vez mais cinzento, desbotado e triste.
Gosto muito de Portugal, é um país lindo, maravilhoso ... pena é que os portugueses se tenham encarregues de o destruir, pilhar e desvirtuar.
Que me perdoem aquela pobre minoria, que tenta desesperadamente remar contra a maré, mas no geral o povo português tem a merda que merece !!!
Tem os políticos de merda em que vota sucessivamente, esquecendo-se hoje dos roubos que eles fizeram ontem, batendo palmas aos mesmos a quem chamou filhos de puta.
Continua a gastar aquilo que não tem, passando as dívidas para filhos e netos, com um encolher de ombros, egoísta e estúpido.
Continua a invejar o sucesso do vizinho, apenas porque não é o seu e faz todo o possível para o tramar.
Por estas e muitas outras o Zacarias tem estado calado.
Já tudo foi dito e não serviu de nada.
A este estado de desencanto e descrença nos portugueses tento contrapor um encanto por Portugal. Apreciar a natureza enquanto ainda for pura e antes da chegada dos buldozeres. Amar os animais e a sua vida selvagem enquanto a deixarem ser razoavelmente selvagem. Admirar as plantas do campo e as árvores da floresta, enquanto ainda houver floresta, apreciar a beleza das praias desertas batidas pelo mar. E gozar o convívio dos amigos, daqueles que ainda valem a pena, portugueses, marcianos, cidadãos do mundo.
Para trás vão ficando as ilusões, perdidas algures as utopias e as grandes forças de mudança, abandonadas as teorias .
Resta a realidade, com a porta apenas entreaberta, para que ela não me subjuge e esmague impiedosamente e me transforme noutro português Xanax e triste, à imagem do rebanho lamuriante e amedrontado que preenche as esquinas deste país, Portugal.

1 comentário:

Nuno Garção disse...

É verdade amigo.
Gostava tanto que este fado triste mudasse. Par alguns é um fado bem alegre - aqueles que se amanham sem vergonha.