sábado, 13 de novembro de 2010

O naufrágio Magalhães

O primeiro, o original deu uma volta ao mundo numa frágil caravela, superando o medo do desconhecido, num tempo remoto e distante onde a Terra ainda não era suposta ser redonda e no fim dos mares, um abismo medonho sugava barcos e marinheiros.
O último e mais recente surgiu à poucos anos e parecia ser realmente uma boa ideia, que a muitos agradou (aqui me incluo !) ...
Parecia! ...
Era um pequeno computador pessoal, o futuro dentro de uma pequena caixa, com potencialidades magníficas, ligação ao mundo, etc ....uma espécie de varinha mágica dos tempos modernos.
As mentes iluminadas da altura, decidiram pegar nos fartos e enormes sacos de dinheiro, que por essa altura vinham da Europa, contrataram a empresa de uns primos, para os fabricarem aos milhões e desataram a distribui-los pelas crianças do 1º ciclo (6 a 10 anos),julgando estarem desta forma a criar uma soberba geração de Harry Potters, magníficos, poderosos e extremamente cultos, que viriam a transformar o Portugal pós medieval e feudal, num país moderníssimo, culto, eficiente e altamente produtivo.
Engano ... mais um de uma longa colecção de enganos e fracassos!
Hoje, passados alguns anos sobre o início desta epopeia, é já possível tirar algumas conclusões.
Não sei se as "varinhas mágicas" vieram avariadas, talvez tivessem sido feitas na China e não em Vila Nova de Gaia ... ou se o problema estava nos aprendizes de feiticeros (talvez demasiado novos para se iniciarem nestas andanças !!!) ... ou se a culpa foi dos professores da Escola de Magia .
O que é verdade é que os resultados estão à vista e são verdadeiramente deprimentes.
As crianças transformaram os computadores em simples máquinas de jogos, em Playstations portáteis e hoje em vez de escreverem textos, manipularem imagens, criarem filmes, animações, ou fazerem música ... entretêm-se avidamente em matar o maior número possível de inimigos, disparando tiros, granadas e mísseis em todas as direcções, jogam futebol virtual, sem se levantarem da cadeira, ou plantam couves virtuais e coleccionam galinhas sem penas e ovelhas voadoras, sem nunca terem ido ao campo e mexido na terra.
Com isso, deixaram de ter tempo para ler um livro (que seca!!!), deixaram de brincar na rua, socializando e convivendo com as outras crianças, vão-se transformando em adolescentes arrogantes e antipáticos, mostrando má cara e maus modos a tudo e a todos que os façam interromper os seus intermináveis jogos.
Magalhães, não o primeiro, mas este último, naufragou a nau Lusitana, que não chegou a dobrar o Cabo das Tormentas .

2 comentários:

Holof. disse...

Eu acho que a razão dos fracassos escolares quase sempre vem de casa, os pais também deviam ir a uma escola aprender a ser pais...

Unknown disse...

Concordo totalmente contigo Holof.
Infelizmente quase nenhuns estão dispostos a isso.
É mais fácil ceder e comprar o jogo novo, que o filho exige.